Carlos Laranjeiras narra mais uma de suas belas histórias, colocando em trânsito a família do prefeito Ariston Pimentel Vieira, político foi prefeito de 1950 à 55, e comerciante de Maragogipe que contribuiu grandiosamente com o brilho da nossa cidade. Leia mais
Curiosa foi a vida do prefeito Ariston Pimentel Vieira: não se tornou conhecido por uma ou outra obras administrativas, mas pela firmeza moral, pelo bar, pelos filhos e mulher. Na hierarquia dos comerciantes, que figuravam no século passado como um dos grupos sociais mais influentes da cidade, ele representava um valor e este valor não podia ser negociado, pois não era uma mercadoria e sim um conjunto de princípios.
Era um homem de pele branca, altura de pouco mais um metro e 70 centímetros, nem gordo nem magro. Quem o visse com o corpo inclinado e o tronco sustentado pelos cotovelos apoiados ao balcão do seu estabelecimento comercial, não podia imaginar que havia sido prefeito e agora retirava do bar o seu sustento e o da família.
Nesse bar, onde Flor de Mariinha tocava bongô, remexia os quadris, fazia o público gargalhar e jogava-se dama, dominó, só havia um empregado, o próprio dono. Pela sua localização, era local de parada de quem ia tomar uma cerveja, uma cachaça, uma vitamina de banana, um Nescau ou um ovomaltine com leite, um refresco de coco acondicionado em litros e servido gelado em copos de vidro sem asa e sem tampa, ou chupar um picolé.
O bar tornou o dono tão famoso que não ficava próximo a Radio Clube e sim a Rádio Clube - a casa de festas mais popular da cidade - próxima ao bar. A filha, Rita, contribuiu também para o renome de Ariston Pimentel Vieira: estudante do Ginásio Simões Filho, ela se destacava das demais moças, de pele morena ou escura, pelos cabelos ruivos e soltos esparramados pelas costas, que desciam como uma torrente de água que cai. Parecia uma descendente alemã com corpo de mulher brasileira a chamar a atenção.
“Quem é a loira?”
“É Rita, de Ariston.”
Se a Rita fazia menção a Ariston, o temperamento fácil e brando da dona Geni, atenciosa com as flores cultivadas à frente da casa protegida por um muro na Rua General Pedra, também aludia ao ex-prefeito, de quem era mulher. Geni possuia um modo especial para tratar o próximo, mais ainda os meninos chamados de desordeiros e com esse acolhimento impunha respeito e tornava-se agradável.
Suas flores exalavam um perfume que percorria a rua, inclusive de manhã cedo em que eu o sentia com mais intensidade ao passar pela porta da dona Geni em direção à escola. Até mais agradável era o perfume que as flores exalavam ao cair da tarde, quando o vento soprava e nelas batia e as cigarras ensaiavam uma cantoria que davam um clima romântico conveniente aos idealistas e sonhadores.
Idealista como eu fui e continuo a ser.
Bons tempos aqueles.
Jornalista, Carlos Laranjeira nasceu em Maragogipe e trabalha em São Bernardo do Campo, SP.
Meu sogro gostou muito dessa biografia, pois também é de maragogipe e desta época e lembrou-se de todos que foram citados, foi uma verdadeira viagem no tempo .
ResponderExcluirMeu sogro gostou muito dessa biografia, pois também é de maragogipe e desta época e lembrou-se de todos que foram citados, foi uma verdadeira viagem no tempo . Ele morava na Rua Dr Rodrigues Lima é filho de Alcides Barbosa que trabalhou para seu Osvaldino Malaquias .
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