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Mostrando postagens de 2010

MEMÓRIA DE MARAGOGIPE: Osvaldo Sá - Parte 1

Carlos Laranjeira O poeta da preferência da maioria dos jovens de hoje, Osvaldo Sá, foi historiador e prosador dos melhores que a cidade teve. A sua poesia trouxe benefícios a muitos rapazes e moças para se iniciarem no mundo das letras (a mim, foi útil a prosa), mas ele prestou mais serviços à cidade como historiador. Nos dias que antecediam a Festa de São Bartolomeu, o jornal A Tarde tinha por hábito enviar repórter e fotógrafo a Maragogipe para entrevista-lo e dele recolher histórias, inclusive da construção da Igreja do Padroeiro São Bartolomeu, cuja frente fica em direção à Rua Nova. Lembro como hoje: quando Osvaldo explicou o motivo pelo qual a igreja foi construída com a frente para a Rua Nova, e não para o Largo onde se concentram milhares de pessoas durante as celebrações ao Padroeiro, gerou uma repercussão que ultrapassou os limites da cidade. Ele deu a seguinte explicação: a Rua Nova foi a primeira a ser pavimentada com pedras miúdas, e para ela afluíam pessoas, essa conve

MEMÓRIA DE MARAGOGIPE: Bartolomeu Americano

Carlos Laranjeira -Toma e lê. Assim, o jornalista Bartolomeu Americano, que por mais de três décadas dirigiu o jornal Arquivo, de Maragogipe, ofereceu-me o livro Oração aos Moços, de Rui Barbosa. Primeiro livro que eu li, do início ao fim e repetidas vezes a ponto de memorizar alguns de seus trechos, marcou profundamente o meu desenvolvimento na leitura, que havia se iniciado com os gibis. Americano não era só o dono do jornal Arquivo, que levava as notícias da cidade até onde morasse um maragogipano, era também um dos representantes locais do velho Partido Social Democrático, o PSD, que havia sido fundado em 1945. Na Bahia, o PSD elegeria governadores Régis Pacheco e Antônio Balbino e até o seu desaparecimento, durante a ditadura militar, possuía como militante mais ilustre Waldir Pires. Em Maragogipe, o principal militante dessa legenda foi Juarez Guerreiro, no fundo da casa de quem Americano morava, no Caminho do Cajá, com a esposa dona Bembem, a filha Lúcia e o genro João, que trab

O Culto de São Bartolomeu em Maragogipe

Por: Dr. Odilardo Uzeda Rodrigues Foto antiga da Igreja Matriz de São Bartolomeu O culto de São Bartolomeu nesta abençoada terra das Palmeiras, data dos primórdios da sua vida, da época em que iniciava a sua formação, quando saía das trevas da vida selvagem para iniciar a sua marcha gloriosa na senda do progresso sob o signo o abençoado da Cruz Redentora. A devoção dos maragogipanos para com o Glorioso Apóstolo vem também dos seus primeiros dias, do tempo em que era ainda uma fazenda pertencente ao luso Bartolomeu Gato. Cristão sincero e ardente, como todos os seus contemporâneos, o proprietário fez erigir nas suas terras uma igreja onde pusesse, juntamente com os de sua família e agregados, cultuar a sublime religião do Mártir do Golgota, invocando o nome de São Bartolomeu para Padroeiro da nova célula cristã que nascia nas dadivosas terras do gigante sul-americano. A razão da escolha deste Santo reside no fato de que o mesmo Bartolomeu Gato já era seu devoto e à sua proteção fora pos

Irmã Dulce: A história que não se apaga

Carlos Laranjeira Sempre no final do ano lembro da figura de uma mulher esguia, baixa e magra, que eu vi pela primeira vez em Salvador, há pouco mais de 40 anos, ao sair da praia da Boa Viagem, no alvorecer. Ela batia porta a porta e ao acordar o morador pedia mantimentos, que acomodava na Kombi que a acompanhava. Na minha falta de experiência, não podia entender como alguém sacrificava horas de sono para ao nascer do sol, de casa em casa, solicitar esmola para outras pessoas. Ao narrar o acontecimento à minha mãe soube de quem se tratava: Irmã Dulce, uma freira que pedia esmolas para alcoólatras, moradores de rua, idosos e crianças abandonadas que ela recolhia das calçadas e dava comida, remédios e um lugar para permanecer com assistência médica. Deste dia em diante ela fincou pé em minha memória e seu olhar cruzou com o meu no final do ano seguinte. Repórter do JORNAL DA BAHIA, fui destacado pela chefia de reportagem para checar a veracidade da notícia, segundo a qual, faltava-lhe d

MEMÓRIA DE MARAGOGIPE: Dr. Odilardo

Carlos Laranjeira Manhã de domingo de sol quente: eu jogava rebatida com Edmilson de Jesus Pacheco, o Edil Pacheco, no largo do Porto Grande. Entre o final dos anos 50 e o início da década de 60, o largo era coberto por uma grama rasteira, propícia à prática desse esporte, bastante apreciado pelos adultos e no qual se utilizava a bola de pano. Ouvimos gritos provenientes do Beco, em seguida Alemão, o pai de Edil, começou a correr pela Rua General Pedra, em direção à Praça Municipal. Continuamos a chutar e pegar a bola, mas os gritos de desespero prosseguiram e, em decorrência do movimento de pessoas, logo percebi: vinham da casa de Napinho. De short e sem camisa, fui à casa de pintura amarela e vi Napinho estirado no sofá, na sala de entrada, sem respirar. Em minutos, adentrou um homem alto, alentado, de pele morena, com o estetoscópio, instrumento para verificar as reações do paciente, acompanhado do pai de Edil, que indagou; -Então, doutor, o que dá para fazer? -Nada mais, está mort

CARTA DO LEITOR: Carlos Laranjeira escreverá sobre "Velhas Figuras de Maragogipe"

Ôi, Zevaldo, bom dia: Não o conheço pessoalmente, nem você a mim, mas isso não representa um obstáculo para eu tocar um pequeno projeto, cujo adiamento fustiga o meu espírito. Todo menino como eu fui aí em Maragogipe, com o sonho de tornar-se por exemplo um jornalista ou um escritor, toma como exemplo os filhos da terra já envolvidos nessas profissões. Eu tive como exemplos Bartolomeu Americano, do jornal Arquivo; Fernando Sá, da Tribuna de Maragogipe e o poeta Osvaldo Sá. E contatos com Alberto Silva, filho de Bertinho do Rio, irmão de Bebeu e de Adalberto Silva, à época crítico de cinema do JORNAL DA BAHIA. Nos três últimos anos, tive a idéia de escrever sobre Velhas Figuras de Maragogipe, inclusive essas três, mas não sei por qual razão o meu espírito tem andado inquieto com o Dr. Odilardo Uzeda Rodrigues, com quem não tinha intimidade, mas o apreciava. Então pergunto se você pode aproveitar em seu blogue ou em algum jornal local artigos que pretendo fazer sobre essas velhas figura

Um pouco do Coronelismo em Maragogipe

Por: Zevaldo Sousa Eul Soo Pang fala em seu texto “Coronelismo: Um Enfoque Oligárquico da Política Brasileira”, que o coronelismo vai desde a queda do Império até 1930 com a revolução de Vargas. Em Maragogipe, entre Políticos e Coronéis, encontramos uma população que ficou dividida no novo paradigma da economia maragogipana, ou ia para a cidade tentar a sorte nas grandes fábricas de charuto da Suerdieck e da Dannemann que estavam aparecendo naquele momento ou continuavam trabalhando na zona rural mantendo antigas relações de escravidão.  O presidente Campos Salles fundou um sistema de troca de favores que, partindo do executivo federal, espalhou-se pelo pais inteiro. Essa política, de certa forma, é conhecida de "Política dos Governadores", implementada em 1902, lembra, na sua simplicidade, o toma lá, dá cá. O presidente da república exigia que os governadores lhes enviassem bancadas concordes com a sua política. Em troca, ele sustentava as propostas regionais dos governador

No Brasil Império, toma lá dá cá garantia vitória do governo

Fonte: Terra Rosane Soares Santana O uso da máquina pública para garantir a vitória do partido do governo foi um dos aspectos mais marcantes das eleições no Brasil Império, além da fraude e da violência. A distribuição de cargos, a substituição de juízes, o aumento de salários de servidores e a nomeação de novos presidentes de província - aos quais cabia comandar, com mão de ferro, o processo eleitoral - foram rituais repetidos nas 18 eleições ocorridas durante todo o Segundo Reinado (1840-1889). Um dos mais destacados estudiosos do Brasil Império, o brasilianista Richard Graham (Clientelismo e Política no Século XIX, Editora UFRJ) observou que a troca de favores entre os políticos e suas clientelas locais e regionais foi o caminho para a realização de eleições pacíficas, sem uso da força. A distribuição de cargos públicos, inclusive na cooptação de lideranças-chave da oposição, foi fundamental para garantir a ordem e assegurar uma aparência de legalidade ao processo eleitoral, possibi

Genética do Coffea Maragogipe

Genética de coffea VII— hereditariedade dos caracteres de coffea arabica L. var. maragogipe hort ex froehner C. A. Krug; Alcides Carvalho   Resumo: A variedade maragogipe do Coffea arabica L. foi encontrada pela primeira vez por Crisógono José Fernandes, em 1870, no município baiano de Maragogipe onde, provavelmente, se originou por mutação. Desde 1933 esta variedade vem sendo estudada pela Secção de Genética do Instituto Agronômico do Estado de São Paulo, em Campinas, com o fim de se determinar a sua constituição genética. Muitas autofecundações, cruzamentos e back-crosses foram, então, realizados. Grande parte das plantas obtidas só puderam ser classificadas após a colheita do ano de 1940. Todas foram examinadas quanto à forma e dimensões das folhas e um grande número ainda quanto à forma e dimensões das flores, frutos e sementes. Verificou-se que o caráter maragogipe mostra dominância quase completa em F1, não sendo possivel uma separação das ciasses maragogipe puro e h

Times de Futebol de Maragogipe

Brilharam alguns times e atletas de futebol, bem como alguns bons dirigentes de clubes de futebol de nossa terra. Aqui uma lista de alguns times que por essa terra passaram: Botafogo Futebol Clube América Futebol Clube Floresta Futebol Clube Maragogipe Futebol Clube Centenário Futebol Clube Bahia Futebol Clube Rio Branco Futebol Clube Palmeiras Futebol Clube Vasco Esporte Clube Ypiranga Esporte Clube Olaria Futebol Clube Arsenal Futebol Clube Itamarati Futebol Clube Futebol Clube Só Pra Arreliar Alvorada Futebol Clube São Paulo Futebol Clube Fluminense Futebol Clube Futebol Clube Flamengo Tiroleza Futebol Clube

Poetas e Músicos Maragogipanos

Tivemos e ainda nomes de alguns Notáveis Poetas; etc... Porque, outros também se destacaram: no Teatro, nas Letras, nos Esportes, e outros no seu ofício profissional liberal, etc... Desde garoto que ouvíamos sempre se falar nas belas qualidade intelectuais desses grandes Maragogipanos e amigos desta terra, como: Antonio Pereira; Leonal Tourinho; Gustavo Jackson; Vituriano Alves; Procópio Néri; Flávio Lima; Osvaldo Sá; Manoel Corongo; Nicanor de Carvalho; Os Rebouças; Dom Macedo Costa; Ronaldo Souza Heráclio Paraguaçu Guerreiro e outros parentes e amigos. Na música: Mamede do Rosário; Andrelino e André Matogrosso; Dedê; Rafael P. Daltro; Fael A. Pereira; Corongo A. Rocha Nenê Bahia, Renato Bahia e Fumofino; Nou João 21; Passarinho; Álvaro Brito; Zizinho, o tabaréu; Chico Bombardino Crecêncio; Alfredinho; Caboquinho; entre outros... Fonte: Livro de Bertinho de Carmó

Heróis maragogipanos da Segunda Guerra Mundial

Alguns dos nossos heróis que participaram da Segunda Guerra Mundial. Renato Thomas da Silva Fernando Borba Guerreiro Crispim dos Santos Florisvaldo Naziazindo da Silva Cezar, o corneteiro Milton Rangel Zezito, lá de Coqueiros do Paraguaçu Antonio Rangel , de Maragogipinho o qual casou aqui com uma patrícia nossa, de nome, Julieta Lopes. Dessa união, nasceram dois filhos maragogipanos: Raimundo Lopes Rangel e Antonio Lopes Rangel Por Bertinho de Carmó

Maragogipe e a Independência da Bahia, o Dois de Julho

Por: Osvaldo Sá Fotos: Zevaldo Sousa Retirado do Livro Histórias Menores A luta pela Independência, na Bahia, foi movimento genuinamente popular, iniciado nas Câmaras de Vereadores de todo o Recôncavo. O combate se processou símile ao dos gregos em Tróia, até, na época, o aspeto de Salvador lembrava a xilogravura da cidade de Príamo, exibida em 1493, na edição de Koberger. Os Heróis de Agámenon iam à recuperação de Helena - a formosa mulher, e os baianos à conquista da Liberdade - a adorável deusa. O bloqueio da Bahia, pelas forças libertárias, se fez em forma de hemiciclo, de São Francisco do Conde a Jaguaripe. Itaparica foi um ponto avançado, onde se desencadearam grandes pelejas, com o heroísmo de seus bravos marujos improvisados. As Câmaras, ainda naqueles dias épicos, eram poder excepcional, conquanto houvessem já perdido parte dele para que se fortalecesse, na colônia, o ímpeto controlador da Metrópole. Logo, porém, que os santamarenses se rebelaram e jorrou generoso o sangue dos

ESPECIAL: Independência da Bahia, o 2 de Julho

ESPECIAL do A TARDE recria jornal de um ano depois da data histórica. 2 de Julho - Revolta nas ruas da cidade Um caboclo sobre uma carroça, armado com lança, representando o bravo lutador da guerra, seguido dos ex-combatentes e do povo, abrirá alas ao longo do mesmo percurso do ano passado, quando entraram pela Estrada das Boiadas, passando pela Lapinha, Pelourinho, até o Terreiro de Jesus. Este ano, porém, o que deveria ser motivo de comemoração será manifesto de insatisfação. Quem assistiu à entrada do Exército de Libertação há exato um ano viu um bando de soldados maltrapilhos e famintos — muitos, inclusive, em más condições de saúde —, eufóricos pela liberdade, depois de tanta labuta e derramamento de sangue. Mas, agora, o cortejo é uma forma de reivindicar aquilo que acreditam lhes ser de direito. Refazendo o trajeto da “vitória”, querem “gritar” que, na verdade, para eles, nada mudou. Há rumores, também, de que o movimento não deve parar por aí. Os mais radicais pretendem finali