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Mostrando postagens de novembro, 2010

MEMÓRIA DE MARAGOGIPE: Bartolomeu Americano

Carlos Laranjeira -Toma e lê. Assim, o jornalista Bartolomeu Americano, que por mais de três décadas dirigiu o jornal Arquivo, de Maragogipe, ofereceu-me o livro Oração aos Moços, de Rui Barbosa. Primeiro livro que eu li, do início ao fim e repetidas vezes a ponto de memorizar alguns de seus trechos, marcou profundamente o meu desenvolvimento na leitura, que havia se iniciado com os gibis. Americano não era só o dono do jornal Arquivo, que levava as notícias da cidade até onde morasse um maragogipano, era também um dos representantes locais do velho Partido Social Democrático, o PSD, que havia sido fundado em 1945. Na Bahia, o PSD elegeria governadores Régis Pacheco e Antônio Balbino e até o seu desaparecimento, durante a ditadura militar, possuía como militante mais ilustre Waldir Pires. Em Maragogipe, o principal militante dessa legenda foi Juarez Guerreiro, no fundo da casa de quem Americano morava, no Caminho do Cajá, com a esposa dona Bembem, a filha Lúcia e o genro João, que trab

O Culto de São Bartolomeu em Maragogipe

Por: Dr. Odilardo Uzeda Rodrigues Foto antiga da Igreja Matriz de São Bartolomeu O culto de São Bartolomeu nesta abençoada terra das Palmeiras, data dos primórdios da sua vida, da época em que iniciava a sua formação, quando saía das trevas da vida selvagem para iniciar a sua marcha gloriosa na senda do progresso sob o signo o abençoado da Cruz Redentora. A devoção dos maragogipanos para com o Glorioso Apóstolo vem também dos seus primeiros dias, do tempo em que era ainda uma fazenda pertencente ao luso Bartolomeu Gato. Cristão sincero e ardente, como todos os seus contemporâneos, o proprietário fez erigir nas suas terras uma igreja onde pusesse, juntamente com os de sua família e agregados, cultuar a sublime religião do Mártir do Golgota, invocando o nome de São Bartolomeu para Padroeiro da nova célula cristã que nascia nas dadivosas terras do gigante sul-americano. A razão da escolha deste Santo reside no fato de que o mesmo Bartolomeu Gato já era seu devoto e à sua proteção fora pos

Irmã Dulce: A história que não se apaga

Carlos Laranjeira Sempre no final do ano lembro da figura de uma mulher esguia, baixa e magra, que eu vi pela primeira vez em Salvador, há pouco mais de 40 anos, ao sair da praia da Boa Viagem, no alvorecer. Ela batia porta a porta e ao acordar o morador pedia mantimentos, que acomodava na Kombi que a acompanhava. Na minha falta de experiência, não podia entender como alguém sacrificava horas de sono para ao nascer do sol, de casa em casa, solicitar esmola para outras pessoas. Ao narrar o acontecimento à minha mãe soube de quem se tratava: Irmã Dulce, uma freira que pedia esmolas para alcoólatras, moradores de rua, idosos e crianças abandonadas que ela recolhia das calçadas e dava comida, remédios e um lugar para permanecer com assistência médica. Deste dia em diante ela fincou pé em minha memória e seu olhar cruzou com o meu no final do ano seguinte. Repórter do JORNAL DA BAHIA, fui destacado pela chefia de reportagem para checar a veracidade da notícia, segundo a qual, faltava-lhe d

MEMÓRIA DE MARAGOGIPE: Dr. Odilardo

Carlos Laranjeira Manhã de domingo de sol quente: eu jogava rebatida com Edmilson de Jesus Pacheco, o Edil Pacheco, no largo do Porto Grande. Entre o final dos anos 50 e o início da década de 60, o largo era coberto por uma grama rasteira, propícia à prática desse esporte, bastante apreciado pelos adultos e no qual se utilizava a bola de pano. Ouvimos gritos provenientes do Beco, em seguida Alemão, o pai de Edil, começou a correr pela Rua General Pedra, em direção à Praça Municipal. Continuamos a chutar e pegar a bola, mas os gritos de desespero prosseguiram e, em decorrência do movimento de pessoas, logo percebi: vinham da casa de Napinho. De short e sem camisa, fui à casa de pintura amarela e vi Napinho estirado no sofá, na sala de entrada, sem respirar. Em minutos, adentrou um homem alto, alentado, de pele morena, com o estetoscópio, instrumento para verificar as reações do paciente, acompanhado do pai de Edil, que indagou; -Então, doutor, o que dá para fazer? -Nada mais, está mort

CARTA DO LEITOR: Carlos Laranjeira escreverá sobre "Velhas Figuras de Maragogipe"

Ôi, Zevaldo, bom dia: Não o conheço pessoalmente, nem você a mim, mas isso não representa um obstáculo para eu tocar um pequeno projeto, cujo adiamento fustiga o meu espírito. Todo menino como eu fui aí em Maragogipe, com o sonho de tornar-se por exemplo um jornalista ou um escritor, toma como exemplo os filhos da terra já envolvidos nessas profissões. Eu tive como exemplos Bartolomeu Americano, do jornal Arquivo; Fernando Sá, da Tribuna de Maragogipe e o poeta Osvaldo Sá. E contatos com Alberto Silva, filho de Bertinho do Rio, irmão de Bebeu e de Adalberto Silva, à época crítico de cinema do JORNAL DA BAHIA. Nos três últimos anos, tive a idéia de escrever sobre Velhas Figuras de Maragogipe, inclusive essas três, mas não sei por qual razão o meu espírito tem andado inquieto com o Dr. Odilardo Uzeda Rodrigues, com quem não tinha intimidade, mas o apreciava. Então pergunto se você pode aproveitar em seu blogue ou em algum jornal local artigos que pretendo fazer sobre essas velhas figura

Um pouco do Coronelismo em Maragogipe

Por: Zevaldo Sousa Eul Soo Pang fala em seu texto “Coronelismo: Um Enfoque Oligárquico da Política Brasileira”, que o coronelismo vai desde a queda do Império até 1930 com a revolução de Vargas. Em Maragogipe, entre Políticos e Coronéis, encontramos uma população que ficou dividida no novo paradigma da economia maragogipana, ou ia para a cidade tentar a sorte nas grandes fábricas de charuto da Suerdieck e da Dannemann que estavam aparecendo naquele momento ou continuavam trabalhando na zona rural mantendo antigas relações de escravidão.  O presidente Campos Salles fundou um sistema de troca de favores que, partindo do executivo federal, espalhou-se pelo pais inteiro. Essa política, de certa forma, é conhecida de "Política dos Governadores", implementada em 1902, lembra, na sua simplicidade, o toma lá, dá cá. O presidente da república exigia que os governadores lhes enviassem bancadas concordes com a sua política. Em troca, ele sustentava as propostas regionais dos governador