TROVOADAS INESQUECÍVEIS
Por Fernando Sá, in livro "Maragojipe no Tempo e no Espaço"
Em 13 de dezembro de 1936, a capela existente no antigo Largo do Saboeiro, hoje Praça Getúlio Vargas, sofreu um impacto terrível, jamais visto em qualquer parte do mundo e de tal monta que não posso deixar de registrar, para que chegue ao conhecimento de todos. Casos assim merecem muita divulgação.
A capela está situada no extremo leste da praça, de frente para o mar e fundos para a praça. De boa construção, com paredes pesadas e porta que parece de uma fortaleza medieval. Caiu um raio sobre ela, arrancando a pesada porta e a encostando na parede, destelhando-a completamente e arrumando as telhas caprichosamente no solo com perfeição humana. Um fato incrível! A cruz da capela sumiu para sempre; até hoje ninguém sabe informar onde ela foi parar. Se a capela não fosse da religião católica, ou se fosse de uma seita qualquer, os corifeus do catolicismo sairiam correndo e gritando castigo. Mas, o fenômeno veio mesmo para desmoralizar os fanáticos. Que lição!
A trovoada foi muito forte. Um açougueiro de nome José de Nazaré ia passando em frente ao casarão no momento em que o raio caiu na capela; em sua mão levava uma faca que lhe foi arrebatada, não sabe como. Escapou de morrer, por um fio.
No decorrer dos 60 anos do século passado, houve em Maragogipe, um temporal de arrepiar, nos arredores da cidade, conforme narrou uma pessoa residente no sítio Pedrinhas, nas proximidades da cidade. Começou alta madrugada. Vu encurtar ao máximo a descrição. Os clarões dos relâmpagos eram fora de série, de uma intensidade fantástica e seguida, um após o outro, clareando tudo como se fosse dia de sol. A casa da informante estava fechada e mesmo assim não se podia abrir os olhos, tal a intensidade. Pai e filhos saíram, afastando-se cerca de dez metros da casa; ficaram perdidos porque não podiam abrir os olhos. Gritaram e assim a filha ficou batendo na porta para que eles voltassem, obedecendo ao som. A violência do temporal era tanta que as galinhas caiam do poleiro, mortas. Tal era o impacto dos trovões que as pessoas sentadas eram sacudidas, subindo e descendo do assento. Ninguém esperava escapar com vida. Ao amanhecer, foi possível avaliar-se a catástrofe. Galinhas, bois, cavalos, porcos, mortos. E até gente! Foi um temporal de intensidade nunca vista.
Não foi só este, o mais recente verificou-se em 24 de novembro de 1996, um temporal fora do comum. Céu encoberto de nuvens pesadas, a trovoada começou com relâmpagos sem parar um instantes, durante o dia todo, não havendo espaço entre um e outro. A Praça Brigadeiro Seixas foi o alvo preferido, atingindo alguns prédios.
O caso dos arredores da cidade nos anos 60, o caso da capela do Saboeiro em janeiro de 1936 e o último verificado em 20 de novembro de 1996 são suficientes para afirmar o que suspeito, o de haver qualquer pólo magnetizante no subsolo da cidade. É preciso notar que foram três repetições, cada qual mais violenta. Se tais fatos ocorressem no distrito de Capanema, poderia ser em virtude da existência do minério de cobre, levando-se em conta o seu alto teor e a sua qualidade de ótimo condutor de eletricidade. Aqui, na sede fica difícil uma conclusão.
Existe a falha Maragojipe; ela atravessa a cidade com um desenvolvimento de mais de trezentos metros na direção NW-SE.
Vamos aguardar.
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