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Heráclio Paraguassú Guerreiro - Mestre Imortal

Por: Joilson Santana

Heráclio Paraguassú Guerreiro nasceu na cidade de Maragogipe, em 13 de março de 1877 e faleceu na mesma em 18 de maio de 1950, filho do senhor João Primo Guerreiro. Com 12 anos de idade, entrou na escola de música da Filarmônica Terpsícore Popular de Maragogipe em que discretamente começou a aprender a arte musical contrariando a vontade de seus pais. A caixa foi o seu primeiro instrumento depois de um ano. Em 1895 fundou, aos 18 anos o grupo “Harpa Mariana” a qual foi regente. Autodidata, mas com potencial espetacular, Heráclio destaca-se mais e mais quando inicia as suas composições.

Em 10 de setembro de 1910, quando agravou o estado de saúde do senhor Theodoro Borges da Silva que foi um dos fundadores, primeiro e atual regente da Terpsícore na época, foi concedida a Heráclio a posse da regência, tendo ele fundido o grupo “Harpa Mariana” a Terpsícore, criando então nova fase com progresso para a filarmônica que regeu por quase 40 anos.

Suas composições são indiscutivelmente exímias obras de arte, tendo Heráclio chegado a compor mais de 600 partituras entre elas dobrados, marchas, fantasias, novenas, rapsódias, valsas, boleros, sinfonias, e etc. Em sua obra temos como destaque algumas de suas composições como: O Rebate, Ronaldo Souza, Cap. Juracy Magalhães, O Registrado, Oscar Guerreiro, Hybernon Guerreiro, Ao Passeio, Filoca Santana, Liliu, Chuva de Ouro, Bendita, Virgem de Sión, dobrado “América” que no meio do trio tem o canto do sabiá , dobrado “Os corujas” que em meio a sua execução tem o gorjeio da coruja, O Rabi da Galiléia e a Canção no Saara que ganharam premiações na Alemanha. A música do nosso compositor é conhecida nacionalmente e internacionalmente, ouvida no Norte da América e pela Europa.

Muitos maestros baianos comentam de forma impressionante o trabalho desse mestre, por exemplo, o maestro Fred Dantas que com toda a sua etno-musicologia define bem a importância de Heráclio para a musica de filarmônica: “Não há música mais simples, ou menos bonita, de Guerreiro, dono de um estilo vigoroso e severo, que não lhe impediu de ser um dos que estabeleceram a marcação em tangado. Depois de introduções e cantos com divisões bem definidas entre palhetas e metais, normalmente surgem, nos dobrados de Heráclio Guerreiro, os trios mais belos da música baiana, nos quais há um equilíbrio místico entre o canto, com clarinetas, o contracanto de um bombardino solista e a marcação obstinada da tuba e do sax barítono.”(Curso Mestres)

Introduziu-se na dramaturgia, escrevendo peças teatrais, onde a operata “Íris” fez grande sucesso em 1942 nas cidades de Nazaré e Cachoeira. A cidade Heróica recebeu a caravana que compunha a “bandeira São Pedro” com muita gentileza e assim fazendo mais uma jornada de fé o grupo de senhorinhas se apresentou no C.T.C., para angariar fundos para reconstrução da Igreja “Matriz” de São Bartolomeu, sendo abrilhantada pela filarmônica “Lira Ceciliana “. Outro drama de autoria de heráclio foi também bem sucedido na cidade de Cruz das Almas, a peça “Escrava Grega”.

Foi o Guerreiro, poeta e jornalista, sendo um dos principais redatores desse jornal nas décadas de 30 e 40 juntamente com Odilardo Uzeda Rodrigues, Dr. George Oliver e Lourival V. Vivas. Trabalhou na portaria do “Cine Lourdes” e era também funcionário da Coletoria Estadual sendo afastado do cargo inesperadamente, moveu uma ação contra o estado e foi readmitido.

Enterro de Heráclio Paraguaçu Guerreiro
Homem simples e múltiplo ficou imortalizado com os seus feitos que são de muita importância para a nossa maragogipe que em 18 de maio 1950 lamentou tristemente a sua morte e que nessa mesma data agora em 2010 completou-se 60 anos do seu falecimento. 

Texto publicado no Jornal Tribuna Popular, 2ª edição, no dia 24 de maio de 2010. Naquela semana estavamos fazendo uma homenagem para um dos redatores do Tribuna Popular, Heráclio Paraguassu Guerreiro.

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