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A problemática da política pedagógica da Educação Brasileira

Sei que não sou a melhor pessoa para falar sobre esses temas, apesar de ser professor por 15 anos, pratiquei e não estudei sobre o assunto. Reconheço a minha deficiência em diversas questões dos temas aqui tratados até o presente momento, mas tudo são ideias e elas já estão enraizadas na minha mente e por esse motivo quero passá-las para vocês, caros leitores, justamente nesse dia que está sendo dedicado a minha verdadeira profissão. Vale ressaltar que toda raiz pode ser arrancada do meu cérebro a qualquer momento, basta que alguém seja mais eficiente no que concerne ao debate.

Seria interessante se todo o professor tivesse esse momento mágico de refletir a sua profissão e buscasse passar para a maioria das pessoas possíveis que é possível sim um mundo melhor, com pessoas melhores e para que isso ocorra é preciso EDUCAÇÃO.

Se os pedagogos me ouvissem neste momento, eles com toda certeza me enforcariam. Mas vale ressaltar logo de cara, que não posso tapar o sol com a peneira, sendo assim, estaria sendo hipócrita não querendo enxergar que o problema social e cultural é muito maior do que o problema político pedagógico. Este último só existe por causa dos dois anteriores e foi por esse motivo que escrevi sobre eles primeiro.

Todavia, qualquer problema continua sendo um problema e precisamos tratar deste também. Quero trazer neste momento, tema que é tratado em diversos debates que é a política pedagógica, sabe-se logo de cara que é a partir dela que se institui a progressão continuada, que na prática resume-se na perda de motivação para o aprendizado do aluno, pois este sabe que não precisará fazer esforços para passar de ano.

Com isso, o professor torna-se impotente perdendo sua autoridade, pois a nota acaba não tendo valor. Em conseqüência disso, a indisciplina se institucionaliza e a escola, como falei no texto sobre o problema cultural da Educação Brasileira torna-se o local do encontro, da amizade, do namoro, da sociabilidade, mas quase nunca do ensino.

Esse fator ainda torna-se mais destruidor na vida dessas crianças e jovens pois grande parte das crianças acabam terminando o primeiro ciclo sem saber ler e escrever, chegando ao ponto de no ensino médio serem analfabetos funcionais, sendo incapazes de interpretar um texto. Isso ocorre porque o aluno não consegue aprender novas competências por causa de déficits de aprendizagem em séries anteriores.

O aluno sente dificuldade de desenvolver novos esquemas mentais e conhecimentos necessários exigidos. Dessa forma, ele não consegue assimilar os conteúdos e habilidades necessários para seguir em frente.

Percebe-se portanto, que depois da família, dos amigos e vizinhos, da comunidade, a escola surge como o fator extensivo desses locais, pois os pais e responsáveis não tiveram autoridade no seu ambiente, e ainda querem repassá-la ao professor. Este por sua vez, não aceita ficar com a bola-problema na mão, pois crê que a educação deve partir de casa.

Com isso, a problemática cultural e social faz com que as crianças e jovens vivam em um constante Estado de Alerta, como diz Fex, em sua música para o grupo Filosofia de Rua. Este e outros motivos acabam levando ao aluno para um caminho sem volta, um caminho que os seus pais e responsáveis trilharam e que herdaram de seus avós. Ser um ser com baixo nível educacional num país como o Brasil, nos dá como futuro a incerteza das mudanças e melhorias. Exemplos temos de sobra, e não há necessidade de relatar nenhum neste momento. O que nos resta é agir para melhorar todo esse sistema bruto que só faz minar ainda mais a nossa sociedade. 

O problema não é o professor em si só, mas sim toda uma estrutura político e social.

PROPOSTA PARA MUDANÇA DA POLÍTICA PEDAGÓGICA
  1. Acabar com a progressão continuada num prazo de 10 anos, pois sabemos que nada que acabe de vez é salutar. É preciso conscientizar as pessoas que elas precisam estudar!!
  2. Criar mecanismos de incentivos à educação, à leitura, às artes, à cultura.
  3. Valorizar o professor sempre!! Basta lembrar que foi ele o responsável por você estar lendo este texto;
  4. Se o professor é ruim, critique-o. Todos merecemos ouvir o que precisamos ouvir. Se o professor está errado, ele merece ouvir dos próprios estudantes, e não de terceiros;
  5. Se és professor, posicione-se com relação à sua profissão e não deixe que interferências negativas façam parte da sua vida profissional. Ao contrário, pegue todas as referências positivas e implante-as na sua vida, respeitando às diferenças;
  6. Seja profissional, não passe nenhum aluno que não mereça. Mas lembre-se dos fatores sócio-culturais, às vezes, é melhor ter um aluno deficiente na escola, do que na rua.
  7. Brigue, esperneie, faça valer os nossos direitos como cidadãos.

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