Esta feira que era antigamente dia de sexta-feira e passou para dia de quinta-feira nas suas primeiras horas em todas as semanas e o prédio do mercado municipal Alexandre Alves Peixoto, uma construção de 1959, ficava cheia de gente, mercadores de todos os tipos, velhos lobos do mar e biscateiros de toda parte. Era a Feira do Cajá, em Maragogipe, Bahia.
Um dos pontos que abasteciam os saveiros que levavam o de comer e beber do Recôncavo para a Feira de São Joaquim, em Salvador, por volta de uma hora da tarde os saveiristas já começavam a pensar em partir. Se o vento estivesse bom, ás 10 horas da noite estariam em Salvador. Se o tempo estivesse bom, sem ameaças de temporal, você poderia voltar a Salvador de saveiro, vindo de Maragogipe. Bastava uma permissão da capitania dos portos, em Maragogipe, agência orientadora e protetora dos direitos do povo do mar.
Desta forma você poderia viajar sobre a carga de saveiros como o vendaval, do mestre Nute e Daniel, ou o paraíso com cacau e frutos dourando o sol. Podia velejar ouvindo o barulho das ondas da baía de todos os santos, ou desfrutarem dos cantos de passarinhos nas gaiolas levava o saveiro tudo com deus. Carroças puxadas por bois e ao fundo os mastros do filho do sol e do capricho do destino. Pescadores arrastando a rede no braço do Paraguaçu e macaxeiras (aipim, mandioca) embarcando no Camacan e no Navegante Feliz. Milho verde para o Bom Jesus, quiabos e maxixe para o quero ver. Alto falantes com repertório rural, o rio novo, tupy no cais. Assim era a feira do cajá. Uma feira de saveiros e de tudo que você imaginar.
Viver bahia/. Publicado em 21 /12/1975
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