Revista RAIZ
Livro apresenta o trabalho tradicional da comunidade baiana de Coqueiros.
Livro apresenta o trabalho tradicional da comunidade baiana de Coqueiros.
Por Thereza Dantas
O trabalho de gerações acaba de virar livro. O livro “Ceramistas de Coqueiros. Histórias de vida” é um dos resultados de uma série de atividades de documentação pró-memória (indivíduo e coletividade) que integram o Programa Monumenta/Iphan, do Ministério da Cultura. A produção dessas cerâmicas é uma das poucas alternativas de geração de trabalho e renda para a comunidade. Esse patrimônio está sob risco de extinção por causa do pouco valor dado as cerâmicas, os jovens da comunidade não se sentem atraídos para aprenderem o ofício de seus pais e avós, por isso a importância dessa publicação.
Dia 2 de abril de 2009, quinta-feira, houve uma festa de lançamento em São Paulo apresenta o livro “Ceramistas de Coqueiros. Histórias de vida” criado e editado por meio do recurso de transcrição da história oral. O livro apresenta o ofício dos ceramistas do distrito de Coqueiros, município de Maragogipe, Bahia. A publicação contém textos da editora Claudia Cavalcanti, da coordenadora executiva do Artesanato Solidário/ArteSol Helena Sampaio e da historiadora Daisy Perelmutter, que realizou as entrevistas com os artesãos. Ainda integram esta publicação imagens da produção de cerâmica e da região, trechos das entrevistas dos artesãos e a transcrição integral da entrevista da mestre Dona Cadú.
Para o evento, o Artesanato Solidário/ArteSol organizou uma pequena exposição de fotos e peças de cerâmica de Coqueiros, que serão vendidas durante o evento. O livro também estará disponível para os presentes.
A seguir uma entrevista com a antropóloga Helena Sampaio. Ela que dirige há sete anos o Artesanato Solidário/ArteSol, sai da coordenadoria da instituição para iniciar “carreira solo” na área de consultoria.
Portal RAIZ.:Como a cerâmica de Maragogipe está sobrevivendo? São quantas artesãs? Elas são cooperadas?
Helena Sampaio: A cerâmica do distrito de Coqueiros, município de Maragogipe/BA, é um artesanato de tradição que é transmitida de geração para geração há pelo menos 80 anos. Além da transmissão desse saber fazer, que mantém viva a tradição local, a atividade artesanal é uma das poucas oportunidades de geração de renda em Coqueiros.
Os artesãos estão reunidos na Associação dos Produtores de Cerâmica de Coqueiros. O grupo é formado por 47 artesãos (23 ceramistas e 24 brunideiras).
Portal RAIZ.: O trabalho envolve somente mulheres? Os homens estão mais participativos?
Helena Sampaio: Tradicionalmente a cerâmica de Coqueiros é feita por mulheres, que aprendem com suas mães, avós ou outras parentes. Todavia, o grupo de ceramistas conta com 3 homens jovens que aprenderam o ofício com suas mães e que hoje fazem da produção de peças de cerâmica suas principais fonte de renda. Na comunidade de Coqueiros, os homens tradicionalmente estão envolvidos com a atividade de pesca e as mulheres com o artesanato.
Portal RAIZ.: Qual é a sua visão do futuro das ceramistas de Coqueiros?
Helena Sampaio: Além de ser um patrimônio imaterial que deve ser preservado, a produção de cerâmica é uma das poucas alternativas de geração de trabalho e renda para a comunidade. Atualmente, os mais jovens se recusam a aprender e a seguir com ofício das mães e avós. Essa recusa advém da percepção por parte da gerações mais novas da pouca valorização da cerâmica no mercado consumidor e das difíceis condições de vida que o ofício impõe aos moradores, em uma quase imobilidade social.
Serviço:
Livro “Ceramistas de Coqueiros. Histórias de vida”
Artesanato Solidário, Rua Alves Guimarães, 436, Pinheiros – São Paulo - SPMais Informações fone: (11) 3082-8681
ou pelo site oficial Artesanato Solidário
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