"Nós não tínhamos conhecimento de que Gabriel (Raimundo Gabriel de Oliveira, prefeito de Maragogipe pelo PSC) usava a Matesc para cometer golpes contra a Universidade Católica de Salvador (Ucsal). Nós somos inocentes e fomos usados por ele, que abusou de nossa confiança". Foi assim que os irmãos Haroldo, Paulo e Francisco Castro Aragão reagiram ao verem o nome da empresa fundada pelo pai, Haroldo, aparecer no inquérito do Ministério Público Estadual (MP) que apura o desvio de R$ 36 milhões da universidade.
Da mesma forma que confessou ter executado o desvio, Gabriel, que foi gerente financeiro da Ucsal entre 1989 e 2000, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MP), que apura a fraude a pedido da Ucsal, confirmou que usou a Matesc sem que os donos soubessem disso. O MP descobriu que oito empresas foram usadas no golpe contra a universidade. Destas, apenas a Matesc não era de propriedade de amigos e/ou parentes do ex-gerente financeiro.
Os sócios da Matesc conheceram Gabriel em meados da década de 80, quando ele ainda era funcionário do Baneb (Banco do Estado da Bahia, adquirido pelo Bradesco). Gabriel era gerente de divisão e relacionava-se com clientes de grande movimentação financeira - empresas e prefeituras - com o Estado. A Matesc participava de licitações, seu forte era material de escritório, mas chegou a fornecer até mesmo cruz para cemitérios.
Muitas vezes, os sócios da empresa precisavam compensar ou descontar cheques quando o expediente bancário já estava encerrado. Para isso, sempre contaram com o apoio de Gabriel. As relações se estreitaram no final de 1985, quando a Matesc sofreu um golpe do contador Carlos Alberto Telles Freire, que falsificou recibos de recolhimento de impostos estaduais no valor, da época, de Cr$ 3 bilhões. O contador foi condenado, preso, e a Matesc obrigada a restituir o valor ao Estado.
O fundador da empresa, Haroldo Castro Aragão, morreu pouco depois da "quebra", o que obrigou os três filhos a assumirem o negócio e organizar suas finanças. Por conta da amizade, contrataram Gabriel. Os valores pagos ao atual prefeito de Maragogipe eram considerados baixos e equivaliam a prestações do consórcio de um carro novo pagas por Gabriel.
EXEMPLO - A prestação de serviço era esporádica e prosseguiu até por volta de 1994. Sete anos antes, Gabriel entrou, como professor, para a Ucsal e chegou a usar a Matesc como exemplo em suas aulas de administração financeira. Em 1989, passou a exercer a gerência financeira da universidade. Em 1995, quando o Conselho de Auditoria da universidade estava desmontado, Gabriel, como provam documentos em poder do MP, passou a aplicar o golpe que, até 2000, resultou no desvio de R$ 36 milhões da instituição de ensino.
O golpe consistia em depositar cheques administrativos na conta de empresas que repassavam o dinheiro a Gabriel sem prestar qualquer serviço à Ucsal. Sem ter nenhuma empresa em seu nome ou de familiares e amigos, Gabriel usou a Matesc. "Já havia tempo que não falávamos com ele. Aí, em 95, do nada, Gabriel me ligou e perguntou se podia fazer um depósito na conta da Matesc para a empresa pagar depois. Baseado na confiança, autorizei", contou Haroldo Castro Aragão Júnior, um dos donos da empresa.
Na época, a empresa passava por dificuldades financeiras e se aproximava da falência. O dinheiro depositado por Gabriel (sempre quantias acima de R$ 100 mil) servia como capital de giro para a Matesc, uma vez que era devolvido aos poucos, em cheques ao portador (com o nome do beneficiário em branco) em valores menores pré-datados para 15, 20, 30 ou 40 dias. "A situação chegou a tal ponto que Gabriel passou a fazer os depósitos sem nos consultar e mandava empregados seus pegarem os valores no nosso escritório", completou Haroldo Júnior.
Não avisar sobre os depósitos foi um erro de Gabriel. Devido às dívidas, os bancos credores passaram a bloquear todo o dinheiro que era depositado na conta da Matesc. Sem poder reavê-lo, Gabriel fez um contrato com os donos da empresa, em que figurava como credor e sua primeira mulher, Maria José, a beneficiária dos pagamentos.
Fonte: A Tarde - Salvador, Flávio Oliveira
Retirado do site: Universia Brasil
Da mesma forma que confessou ter executado o desvio, Gabriel, que foi gerente financeiro da Ucsal entre 1989 e 2000, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MP), que apura a fraude a pedido da Ucsal, confirmou que usou a Matesc sem que os donos soubessem disso. O MP descobriu que oito empresas foram usadas no golpe contra a universidade. Destas, apenas a Matesc não era de propriedade de amigos e/ou parentes do ex-gerente financeiro.
Os sócios da Matesc conheceram Gabriel em meados da década de 80, quando ele ainda era funcionário do Baneb (Banco do Estado da Bahia, adquirido pelo Bradesco). Gabriel era gerente de divisão e relacionava-se com clientes de grande movimentação financeira - empresas e prefeituras - com o Estado. A Matesc participava de licitações, seu forte era material de escritório, mas chegou a fornecer até mesmo cruz para cemitérios.
Muitas vezes, os sócios da empresa precisavam compensar ou descontar cheques quando o expediente bancário já estava encerrado. Para isso, sempre contaram com o apoio de Gabriel. As relações se estreitaram no final de 1985, quando a Matesc sofreu um golpe do contador Carlos Alberto Telles Freire, que falsificou recibos de recolhimento de impostos estaduais no valor, da época, de Cr$ 3 bilhões. O contador foi condenado, preso, e a Matesc obrigada a restituir o valor ao Estado.
O fundador da empresa, Haroldo Castro Aragão, morreu pouco depois da "quebra", o que obrigou os três filhos a assumirem o negócio e organizar suas finanças. Por conta da amizade, contrataram Gabriel. Os valores pagos ao atual prefeito de Maragogipe eram considerados baixos e equivaliam a prestações do consórcio de um carro novo pagas por Gabriel.
EXEMPLO - A prestação de serviço era esporádica e prosseguiu até por volta de 1994. Sete anos antes, Gabriel entrou, como professor, para a Ucsal e chegou a usar a Matesc como exemplo em suas aulas de administração financeira. Em 1989, passou a exercer a gerência financeira da universidade. Em 1995, quando o Conselho de Auditoria da universidade estava desmontado, Gabriel, como provam documentos em poder do MP, passou a aplicar o golpe que, até 2000, resultou no desvio de R$ 36 milhões da instituição de ensino.
O golpe consistia em depositar cheques administrativos na conta de empresas que repassavam o dinheiro a Gabriel sem prestar qualquer serviço à Ucsal. Sem ter nenhuma empresa em seu nome ou de familiares e amigos, Gabriel usou a Matesc. "Já havia tempo que não falávamos com ele. Aí, em 95, do nada, Gabriel me ligou e perguntou se podia fazer um depósito na conta da Matesc para a empresa pagar depois. Baseado na confiança, autorizei", contou Haroldo Castro Aragão Júnior, um dos donos da empresa.
Na época, a empresa passava por dificuldades financeiras e se aproximava da falência. O dinheiro depositado por Gabriel (sempre quantias acima de R$ 100 mil) servia como capital de giro para a Matesc, uma vez que era devolvido aos poucos, em cheques ao portador (com o nome do beneficiário em branco) em valores menores pré-datados para 15, 20, 30 ou 40 dias. "A situação chegou a tal ponto que Gabriel passou a fazer os depósitos sem nos consultar e mandava empregados seus pegarem os valores no nosso escritório", completou Haroldo Júnior.
Não avisar sobre os depósitos foi um erro de Gabriel. Devido às dívidas, os bancos credores passaram a bloquear todo o dinheiro que era depositado na conta da Matesc. Sem poder reavê-lo, Gabriel fez um contrato com os donos da empresa, em que figurava como credor e sua primeira mulher, Maria José, a beneficiária dos pagamentos.
Fonte: A Tarde - Salvador, Flávio Oliveira
Retirado do site: Universia Brasil
Comentários
Postar um comentário