Segundo Josep Fontana, para entender a formação da “nova história econômica” é preciso acompanhar uma dupla linha evolutiva. De um lado temos o reencontro da história econômica e da teoria econômica e de outro temos a crise da história progressista norte-americana pós-segunda guerra mundial. A partir de então Josep Fontana vai traçar essa dupla linha que se seguiu até a chamada “novíssima história econômica”.
Na sua primeira citação, Fontana irá referir-se a Simon Kuznets adepto da primeira linha, “ele propunha a necessidade de voltar à análise do crescimento econômico, esquecido pelos economistas marginalistas, que se haviam limitado aos problemas que propõe a explicação de um equilíbrio estático.” (p. 187). No final da Segunda Guerra, surge Gunnar Myrdal, Celso Furtado e W.W. Rostow que levaram um novo casamento da história e teoria, por causa das suas preocupações com os problemas do crescimento econômico. O primeiro procurou estudar os problemas econômicos no contexto demográfico, social e político; o segundo dedicou-se ao "enfoque histórico uma parte inteira da sua teoria e política do desenvolvimento econômico" (p. 188) e por fim, Rostow procurou desenvolver "uma espécie de modelo universal de crescimento, como arma de luta contra o marxismo" (p. 188). O autor fala que "mais além dessa utilização instrumental da história pelos economistas tem-se que assinalar um terreno de coincidência mais amplo, do que é um bom exemplo o economista norte-americano" (p. 188-9), Alexander Gerschenkron que escreveu "sobre os problemas metodológicos e filosóficos da História e fez afirmações explicitas sobre o valor do enfoque histórico para o estudo dos problemas econômicos" (p. 189).
Contudo, Josep Fontana falará que para melhor compreensão das razões que explicam o auge da "nova história econômica" tem que voltar-se para a segunda questão e para isso Fontana citará Frederick Jackson Turner que falará “do significado da fronteira na história norte-americana” (p. 189), para ele “a fronteira tornou possível que os imigrantes se americanizassem rapidamente e forjou o caráter do pioneiro: independente do resto do mundo, auto-suficiente, capaz de criar as suas próprias instituições à margem do governo central.” (p. 189). Turner seria, portanto um dos primeiros a utilizar da nova história econômica para firmar a ascensão da história progressista.
Nesta linha do progressismo houve uma tentativa de construir uma “interpretação econômica da história”. Tal será o caso de Edwin R.A. Seligman, segundo Fontana ele sustenta “que o fator econômico foi da maior importância na história” (p. 190), outro autor citado por Fontana é Charles A. Beard que defendeu uma interpretação econômica da constituição norte-americana. Para Fontana “a obra de Beard ficava numa posição equívoca, entre a sociologia política e um determinismo econômico grosseiro, que sustentava que ‘aquele que deixa as pressões econômicas fora da História, ou fora da discussão das questões políticas, está em perigo mortal de substituir a realidade por uma mitologia’” (p. 191).
Outros dois autores Alfred H. Conrad e John R. Meyer atacaram a “distinção que pretendia separar a História da teoria econômica e do que pode ser qualificado como ciência, em geral, assim como a tese de que o objeto da História é o único e individual, e mostravam que também o historiador ocupa-se da busca de nexos causais, usando algumas regras científicas semelhantes às de outras disciplinas” (p. 192). Esses dois autores utilizariam suas técnicas na investigação sobre a economia do escravismo no sul dos Estados Unidos. Segundo Fontana, Robert W Fogel faria um espetacular estudo na mesma linha de Conrad e Meyer em que irá por a “prova a tese de que a ferrovia tinha sido um elemento indispensável para o crescimento da economia norte-americana” (p. 193).
Uma outra questão que Fontana põe a amostra é o isolamento que a história econômica teve e seu desejo e tentativas de aproximação com o resto dos historiadores. Para isso ele falará do Journal Of Economic History e de Ralph W Hidy, além de Fogel e Engerman que produziriam um projeto que resultaria um livro chamado de Time on the cross que tinha o propósito de aproximar e em certo sentido “pertubar” o leitor, contudo este não foi o caso e na realidade ele limitou-se aos meios profissionais.
Fontana a partir de então resumirá os postulados que definem a metodologia da nova história econômica, para isso ele utilizará as palavras de Fogel “a sua ênfase sobre a medição e o reconhecimento da íntima relação que existe entre medição e teoria” (p. 195). A medição exigiria, portanto métodos matemáticos, enquanto a teoria conduziria o uso de modelos econométricos. Contudo o autor irá flar que “alguns de seus cultivadores quiseram fazer da nova história econômica uma mera disciplina auxiliar da teoria econômica” (p.196), alegando que a disciplina não teria capacidade de oferecer “uma visão global satisfatória da evolução social” (p. 196), porém isso não quer dizer que ela não contribuiu em nada para a questão, cabe ressaltar que não importa a orientação teórica do historiador, o que deve ser realçado é o seu papel no tratamento da aplicação de modelos econométricos à investigação histórico-econômica, resultando na melhor da hipóteses – e aqui vai depender de como o historiador e ou economicista eira tratar a fontes por ele estudadas -, um trabalho mais elaborado e detalhado.
O surgimento da novíssima história econômica irá marcar uma distinção entre a nova história econômica, a primeira procurou “explicar a totalidade da mudança social em termos de esquemas elementares de teoria econômica neo-clássica, resolveria o problema, ao permitir-se prescindir de contribuições externas à própria disciplina e oferecer-se, em contrapartida, como explicação universal que resolve todos os enigmas da evolução humana” (p. 199) e terá como exemplos citados por Fontana, Hartwell, Douglas C. North, Henri Lepage e outros.
FONTANA, Josep. História: análise do passado e projeto social. “A Reconstrução. II: A Nova História Econômica”. Trad. Luiz Roncari. Bauru, SP: EDUSC, 1998
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