Uma região que já foi Estádio, seria Hospital, virou favela do Carandiru e agora será Distrito Policial
A História de Maragogipe é muito rica, e em certos momentos, complicada. E uma dessas histórias complicadas é a de uma região localizada na rua Nossa Senhora das Graças, na divisa das comunidades da Boiada e Cabaceiras. Um lugar que muito intitulavam como: Carandiru.
Conheçam um pouco da sua história:
História de Maragogipe: A região do Carandiru seria Estádio, seria Hospital, hoje é Favela
A pedido de um leitor, estamos republicando a sessão do Tribuna Popular em que escrevemos sobre o Carandiru, um pouco de sua história. Em primeiro lugar gostaríamos de dizer que o título desta postagem tem como intuito retratar a realidade da comunidade que estava, naquele ano, pronta para explodir devido aos múltiplos casos de violência extremada. Hoje, a realidade é outra, mas também não podemos negligenciar tal ato.
O Tribuna Popular em sua primeira edição com uma sessão especial para esse assunto tão importante para as comunidades do Recôncavo. Como este é o aniversário de Maragogipe, não poderíamos deixar de lembrar a população local que nesta cidade, problemas gravíssimos ainda tem para ser enfrentados. Começaremos agora a série: OBRAS INACABADAS NO RECÔNCAVO - O CASO, CARANDIRU, A FAVELA DINAMITE.
Você se lembra da Ilha de Dr. Abílio? Não, e se eu falar de Rafaelão, você lembra de alguma coisa? Também não, agora se eu falar de Carandiru você se lembra da alguma coisa? Talvez sim, você deve estar pensando agora em drogas, tráfico, tiroteios, condições desumanas e deploráveis.
Pois bem, todos os três locais acima citados, são o mesmo. Único, exclusivo e abandonado pelas autoridades. Contar anos talvez não seja a questão, mas narrar o que aconteceu e está acontecendo é a melhor forma de estarmos cobrando algo das nossas autoridades.
As informações obtidas pela equipe de reportagem são comprometedoras, contudo o que a sociedade deseja, é que aquele foco de destruição acabe o mais breve possível, mas com inteligência.
Histórico:
Tudo começou quando no primeiro governo do já falecido prefeito Bartolomeu de Ataíde Teixeira um deputado conseguira um verba para a construção de um Estádio, que carinhosamente a população chamou de Rafaelão em homenagem ao primeiro nome do deputado.
Por motivos da obra não ter sido concluída, moradores organizaram-se e fizeram um conjunto de casas atrás da muralha que cercava o Estádio e deram-lhe o nome de Vila Feliz. Logo em seguida, criaram a Associação Esperança com objetivos de conseguir benefícios para a comunidade recém -criada.
Vale ressaltar que essa área, também chamada de Ilha do Dr. Abílio, tinha uma quantidade muito grande de manguezais e para se construir o Estádio foi gasto muito dinheiro.
Moradores falam que no começo não tinham energia e nem água, muitos tinham medo de construir sua casa naquele local, por pertencer a Marinha. Só que a vontade de ter uma casa foi muito mais forte, e correr o risco foi inevitável. Como uma das moradoras tinha um terreno logo na entrada da rua que estava se formando, ela cedeu durante três anos, energia e água para toda comunidade da Vila Feliz.
No segundo mandato do prefeito Bartolomeu de Ataíde Teixeira foi construído conseguida verba pelo Deputado Luiz Alberto para a construção de um hospital na cidade, muitas pessoas desejaram que essa verba fosse destinada à Santa Casa de Misericórdia que na época já tinha seus problemas. Acontece que ficou acordado que a verba seria destinada para a construção de um novo hospital e esse foi construído justamente, no mesmo local em que o Estádio de Futebol Rafaelão, uma obra que não tinha sido sequer concluída.
Em 2000 ao assumir o mandato de prefeito, Raimundo Gabriel pediu que os moradores deixassem tudo limpo e organizado que ele conseguiria água e energia. As duas partes fizeram um acordo e tudo foi encaminhado, inclusive o saneamento. Segundo os moradores, o ex-prefeito prometeu logo em seguida o calçamento, mas isso só iria ser feito no próximo mandato.
Moradores dizem que esse hospital era para ser de primeiro mundo, pois o material utilizado era muito bom, acontece que moradores do Bóreu e da própria Boiada roubaram esse material para construir suas casas, já que a construção novamente tinha sido abandonada, por falta de verbas.
Anos depois, já no governo de Gabriel, o Deputado Luiz Alberto conseguiu uma verba para que o hospital fosse concluído, contudo devido o estado precário que o prédio encontrava-se, foi conseguido desmembrar a verba para quatro postos de saúde: Piedade, Batatã, Capagato e Inss.
A partir daqui, moradores perceberam o descaso com aquele prédio e viram nele um ótimo “hotel”. Começou a invasão da construção inacabada do Hospital e recentemente a invasão da parte externa do hospital. Muros internos foram quebrados, externamente, algumas partes dos muros foram quebradas e hoje, quando olhamos aquele local de fora. Imaginamos uma grande fortaleza, dominada pelo tráfico de drogas.
Muitos daqueles moradores que começaram a invadir num primeiro momento já saíram de lá, hoje em sua maioria, as pessoas que lá moram são de outras localidades. Moradores desejam ardentemente uma morada em outro local. Pois no Carandiru, como é chamado atualmente, não se tem condições nenhuma de higiene e nem de segurança.
O descaso com a coisa pública transformou aquele lugar que no primeiro momento serviria para entreter a população e num segundo para suavizar os males do corpo, num barril de pólvora, ou melhor, numa favela dinamite pronta para explodir nas mãos daqueles que tiverem coragem para enfrentar o problema de maneira inteligível.
Ainda segundo informações da Prefeitura, na área serão implantados novos projetos em benefício da população, como o Distrito Integrado de Segurança Pública (DISEP) que faz parte do Programa Pacto pela Vida do Governo do Estado, Academia da Saúde, pavimentação e praça.
Retirada da 1ª Edição do Tribuna Popular
Escrita por: Zevaldo Sousa
TEXTO COMPLEMENTAR:
No dia 18 de novembro de 2013, a Prefeitura de Maragogipe tomou posse de uma área de 10.758,38m², localizada no bairro da Boiada, conhecido como Carandiru. A demolição do prédio foi realizada e, segundo a Prefeitura, as famílias que residiam na edificação foram acolhidas e encaminhadas através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social para novas moradias.Ainda segundo informações da Prefeitura, na área serão implantados novos projetos em benefício da população, como o Distrito Integrado de Segurança Pública (DISEP) que faz parte do Programa Pacto pela Vida do Governo do Estado, Academia da Saúde, pavimentação e praça.
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