Em finais do século XIX o recôncavo baiano era um dos mais importantes centros produtores de fumo do mundo. Empreendores alemães e holandeses plantavam a folha em Cruz das Almas, Cachoeira, São Felix, Santo Amaro, Maragogipe e na região instalavam fábricas de charutos, um dos maiores itens de exportação da Bahia em aqueles idos. Exportavamos fardos de fumo, cigarros e charutos.
Stender & Cia era uma das marcas de maior aceitação entre os consumidores, garantia de qualidade, a exemplo de outras também reconhecidas nesse quesito como Dannemann, Suerdieck, Pook & Cia, Rodemburg, Jezler & Hoening, R. Gaeschlin, Costa & Ferreira, dentre outras. A imagem que ilustra este post é um rotulo dos charutos “A Bella Africana” de Stender & Cia, imagem trabalhada em litografia e impressa na alemanhã com referências visuais da região onde era plantada a matéria prima do produto, ou seja, o recôncavo. Era comum esses rótulos serem utilizados como anúncios, não é o caso.
O que chama a atenção nesse rótulo é primeiro o nome do produto que destaca o fumo como plantado e manipulado por africanos, ou seja mão de obra escrava, originária ou descendente desse continente, como sinônimo de qualidade. Algo assim como fumo produzido por negros é outra coisa. Mas reparem também na indumentária da modelo. O ilustrador caprichou com o detalhe do pano da costa, dos adereços de ouro, colar e braceletes, e imprimiu à imagem um ar de nobreza que o título potencializa mais ainda com a referência de ”bella”.
Para o apreciador de bons charutos esta imagem significava muito. A garantia de um produto final trabalhado nos detalhes por prendadas mulheres negras do recôncavo, boas de fazer charuto nas coxas, que essa era forma ideal e diferenciada de enrolar a folha.
Fonte: Memorias da Bahia
Comentários
Postar um comentário