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A BNCC é a base da pirâmide, o topo ainda pertence a escola

Quando a comunidade sonha junto, a escola se transforma!


Por Zevaldo Sousa

A BNCC é a base da pirâmide, o topo ainda pertence a escola

Acredite! Essa afirmativa precisa ser internalizada por todos os educadores e sociedade em geral. Se sabemos que a Educação é a Base para um futuro melhor e mais justo, mas não colocamos em prática e não tomamos como responsabilidade a aplicação das ideias que temos, nada mudará.

É por este motivo que ressaltamos a importância da escola na promoção da cidadania e na construção coletiva e democrática de um Projeto Político Pedagógico que vise a construção da sociedade que tanto queremos e neste sentido, não será somente a BNCC com suas aprendizagens essenciais que promoverá tais mudanças. Ela é apenas uma lei que precisa ser validada, complementada e implantada nos Sistemas Estaduais, Municipais, nas próprias escolas e no planejamento do professor.

O sonho é fundamental para desenvolvermos uma escola cada vez mais justa, equânime, solidária, crítica, que promova o espírito de colaboração e sobretudo a cultura do pensamento e das relações socioemocionais.

Por que inicio este texto falando sobre este assunto? Porque estou percebendo em diversos comentários nas redes sociais uma certa distorção e falta de entendimento acerca da BNCC, assim como uma desconstrução, e em alguns casos, proposital, do verdadeiro sentido do documento que é o de orientar a elaboração dos currículos e das propostas pedagógicas das escolas públicas e privadas, assim como definir políticas públicas para a formação de professores, produção de material didático e avaliação.

Com isso, a BNCC se torna um instrumento de equidade quando falarmos de avaliações externas e de conteúdos que se esperar contemplar em todos os níveis. Isso não engessa a educação, muito pelo contrário, permite que professores planejem aulas respeitando e buscando desenvolver as habilidades e competências de cada aluno, permitindo o trabalho com ações e projetos criados pela escola, incorporando no currículo uma série ampla e diversificada de aprendizagens assim como elementos culturais regionais.

A BNCC dá transparência ao processo, permitindo assim que pais conheçam quais são os aprendizagens essenciais que seu filho precisa aprender, as competências e habilidades que precisam ser trabalhadas e desenvolvidas naquele ano e disciplina, assim como permite que todos os alunos de Norte ao Sul do país tenham a mesma oportunidade de serem avaliados de forma igualitária e justa em provas externas.

No entanto, nos perguntamos: Por que precisamos de mais um documento se já temos as Diretrizes Curriculares e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e nada muda no contexto escolar?

As Diretrizes Curriculares e os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) são documentos macros e genéricos que serviram como referência para a construção da BNCC que é muito mais objetiva e específica e já estava prevista na Constituição e na LDB. Nela encontramos O quê? (Aprendizagens Essenciais, ou melhor, conteúdos mínimos) se deve trabalhar em sala de aula em todo o país. Isso significa que todos os alunos têm direitos mínimos de aprendizagem, e por ser mínimos é preciso incorporar novos debates, abordagens, temáticas, lembrando que o currículo trabalhado precisa ser diversificado e neste sentido, a equipe escolar continuará tendo autonomia para gerir este processo de forma democrática, assim como também é preservada a autonomia do professor em sala de aula, pois ele continuará definindo o Como trabalhar? (metodologia e estratégias)

A BNCC não trata especificamente de mudanças, mas lança a semente (a base) para que o professor com olhar de verdadeiro educador comece a trilhar os caminhos do desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes e valores nas escolas sendo este ponto essencial para que as mudanças venham a ocorrer com qualidade e equidade tanto na escola como na sociedade. Mas para isso, é preciso formação.

Com este documento, as Universidades poderão definir melhor sua grade curricular formando com isso, professores com melhor qualificação e atendendo as demandas existentes neste século XXI. Se todos os setores estão mudando a educação precisa acompanhar este processo de mudança para que não seja mero transmissor de conteúdos, que inclusive, já estão disponíveis na internet e que muitos jovens já tem acesso e não veem mais tanto sentido na escola.

É preciso mudar esta visão e para isso há necessidade no desenvolvimento de atividades escolares reflexivas ao ponto do aluno não encontrar a resposta facilmente na internet, mas desenvolver, participar, criar, inventar, propor soluções para resolver determinados problemas, tentar entender a si e ao outro e neste ponto, caberá somente ao professor sair de sua caixinha e modificar a rotina de sua sala de aula.

Um dos pontos fortes da BNCC é a incorporação dos debates atuais sobre educação e a preocupação sobre Qual é a escola que nós queremos para nossos filhos? É uma escola conteudista? É uma escola reflexiva? É uma escola que qualifique os alunos para resolver problemas existentes na sociedade? Após definir que tipo de escola desejamos de forma democrática, incorporando a família e a sociedade neste debate que nós poderemos trilhar caminhos de sucesso.


Com isso, reforço o que falei no início deste texto: 'A BNCC é a base da pirâmide, o topo ainda pertence a Escola" e é aqui que educadores, pedagogos, gestores, família, funcionários, sociedade civil junto com os estudantes podem de forma democrática eleger e criar projetos específicos que atendam os anseios da comunidade escolar e do seu entorno. 


É preciso salientar que toda legislação tem atualizações e com a BNCC não será diferente, os embates e debates ainda não terminaram e mesmo após ter aprovada e homologada, haverá a necessidade de novas mudanças que vão surgindo ao longo do tempo, das novas demandas que surgirão assim como erros cometidos que precisarão ser corrigidos.

É fato. A BNCC não agradou a todos e não cabe aqui entrar neste debate, mas enxergar pontos positivos. Ressaltamos a importância da opinião de cada cidadão visando (re)construir este documento, usando argumentos assertivos, dignos e humanos. O fortalecimento da nossa democracia depende desta construção coletiva. O que precisamos evitar é o baixo nível do debate que só faz desconstruir, manipular e jogar sujo e que pouco ou nada contribuem para uma sociedade cada vez mais humana.


Saiba mais no site oficial: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/

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