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A importância da empatia no ensino e aprendizagem de História para a promoção da cidadania


Por Zevaldo Sousa

Passei este último ano estudando muito sobre competências socioemocionais e uma delas me chamou atenção - a Empatia. Que neste texto pode, inclusive, ser chamada de Empatia Histórica.

Em breve falarei sobre a importância das competências socioemocionais
 para o ensino e aprendizagem de história.

Um dos maiores desafios do Historiador, do professor de História e dos seus alunos é lidar com o anacronismo. Escapar dele é um desafio imenso, principalmente quando não temos o hábito de praticar a pesquisa histórica profunda e com empatia. Pelo contrário, sempre queremos atribuir a uma determinada época ou determinado personagem ideias e sentimentos da nossa própria época ou de outro momento histórico. A tarefa é árdua e é muito difícil escapar destas armadilhas que as generalizações acabam nos colocando.

A pouco tempo, passei a olhar a empatia como uma competência que precisa ser cultivada na escola, tanto por parte dos professores que, em alguns casos, não conseguem se colocar no lugar dos seus alunos, quanto por parte dos alunos que precisam exercitar o hábito de se colocar no lugar do outro levando consigo uma experiência escolar tão rica que conseguirá resolver problemas com certa facilidade.

Atualmente, a empatia é muito utilizada em metodologias ativas como o Design Thinking, Aprendizagem Baseada em Problemas e em Projetos e estas metodologias podem ser aplicadas nas aulas de história permitindo que os alunos vivenciem momentos ricos de aprendizagem significativa através de um olhar cada vez mais empático.

O fato da grande maioria dos alunos não gostar do estudo de História se deve a forma como muitos professores atuam em sala de aula. Acabou-se o tempo em que ensinar História era apenas transmitir conteúdos enquanto os alunos decoravam cada data, cada evento e cada herói. 

Hoje, para se aprender História é preciso vivência, é preciso que o professor faça aquela pergunta que não se encontra no Google e permita que os alunos incorporem a vida de personagens históricos .O RPG (Role Playing Game) é uma excelente ferramenta para aplicação da empatia histórica, principalmente, quando o tema estudado estiver distante no tempo e no espaço, tão distante, que alguns alunos não consigam incorporar aqueles personagens com uma simples explanação teórica do professor ou a leitura do livro didático.

Não obstante, através da Aprendizagem Baseada em Projetos ou de Problemas ou até mesmo da utilização do Design Thinking em sala de aula, o professor poderá criar projetos escolares que impactem na realidade dos alunos, da escola, do bairro ou da cidade. Estudar história hoje não é somente se ater aos conteúdos definidos pelos sistemas educacionais. Estes precisam ser trabalhados por ser um direito de aprendizagem dos alunos, mas também é preciso trabalhar as questões socioemocionais. Sendo assim, pergunto: Por quê não partir dos interesses dos alunos para se chegar ao Egito Antigo?

Imaginemos que alguns alunos queiram atuar na área de saúde e o professor de história poderá, empaticamente, aproveitar este momento para criar um projeto em que os alunos, de acordo com seu interesse, pesquisem sobre o tema Medicina em vários momentos históricos - desde a antiguidade até a contemporaneidade e empaticamente, entendam os motivos que levaram cada civilização a utilizar determinadas ferramentas até se chegar a uma atuação médica cada vez mais humana.

Se o professor atua em uma escola em que o Gestor e o Pedagogo é parceiro poderá trabalhar o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola incluindo temas relevantes para a comunidade escolar e do entorno através de pesquisas criadas e realizadas com e pelo alunos, entrevistas empática, roteiros que permitam definir projetos que proporcionem a reflexão-ação na comunidade escolar, no bairro ou na cidade.

Nós precisamos criar caminhos para que os alunos comecem a olhar o outro com um olhar cada vez mais empático visando prepará-los para a busca de soluções dos atuais problemas da nossa sociedade e futuros e só poderemos fazer isso, trabalhando tanto as competências cognitivas quanto as socioemocionais e a empatia é uma das competências mais estimulantes que precisa ser desenvolvida nos nossos alunos.

Somente assim, poderemos tratar de questões polêmicas que muitas vezes, a grande maioria dos professores deixam de lado. Sei que muitos professores não se sentem preparados para falar sobre a intolerância religiosa, a falta de ética, legislação, política, discriminação, preconceito, racismo, questões de gênero, respeito as diferenças, a inclusão social, a violência na e da escola, dentre outros temas relevantes que não maioria das vezes, se o professor não orienta ou não proporciona a prática da empatia (o tentar ouvir o outro, entender a sua opinião, respeitá-la sem deixar de defender suas ideias), acabamos deixando de lado a rica experiência de promover o que tanto desejamos em nossa sociedade: A promoção da cidadania.

Professor Zevaldo Sousa

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