Pular para o conteúdo principal

Carnaval de Maragogipe vira bem imaterial

Zevaldo Sousa
Registros apontam uma longínqua tradição no carnaval maragogipano, deste 1893 o carnaval de Maragogipe é marcado pelos mascarados, fantasias e marchinhas que ilustram e iluminam a nossa festa. Maragogipe está sendo recompensada agora com a sua persistência, fruto da insistência dos seus cidadãos de não deixarem o seu carnaval morrer, coisa que muitas cidades do interior deixaram de ter, deixando prevalecer o Carnaval de Salvador, isto é considerado normal, pois a maioria das pessoas querem ver grandes atrações em suas festas e é justamente nesse momento que essas grandes atrações não deixam a cidade de São Salvador. Surge assim as micaretas daqui e de acolá deixando morrer o mais belo carnaval tradicional.

Chega de lamentar, Maragogipe não deixou isso acontecer, e o seu carnaval será considerado oficialmente patrimônio imaterial do Estado. No site da SECULT (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) diz que “até final de março (2008), a secretaria estadual de Cultura, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), encaminha proposta de registro para que o governador Jaques Wagner analise e homologue essa manifestação cultural como bem intangível e patrimônio da Bahia.” E isto é fruto das atividades desenvolvidas pelo povo maragogipano durante séculos que atraiu a visão de grupos como a TVE e também do IPAC que desenvolveram um árduo trabalho de filmagem, fotografia e reunião de documentos que registrassem essa atividade secular.

Maragogipe merece, e os seus mascarados, travestidos, pierrôs e colombinas mais ainda, pois são eles que fazem a festa e continuam fazendo sem que ninguém peça, é uma tradição que é passada de pai para filho e que não precisa e não precisará jamais ser resgatada, pois ela está no cerne de todo maragogipano que a cada carnaval passado ou guarda a sua fantasia com muito carinho ou já começa a fazer outra mais bela ainda para o seu desfile pelas ruas da cidade.

A SECULT diz “Patrimônio imaterial é o bem intangível cultural que se transmite entre gerações, embora seja constantemente recriado. É produzido pelas comunidades e grupos sociais em função do ambiente em que se situam, da interação que mantêm com a natureza e da sua própria história. É o patrimônio imaterial que promove o sentimento de identidade e continuidade do grupo social, tornando-se, deste modo, elemento essencial de afirmação da diversidade cultural e do reconhecimento à criatividade humana.”
Por isso, termino dizendo que Maragogipe merece esse carnaval e essa gente maravilhosa.
Parabéns, povo Maragogipano.

Fonte: UFRB

Comentários

Top 5 da Semana

Fotos antigas de São Félix, no Recôncavo da Bahia

Desde as primeiras décadas de sua existência a fotografia já mostrava o seu imenso potencial de uso. A produção fotográfica de unidades avulsas, de álbuns ou de coletâneas impressas abrangia um espectro ilimitado de atividades, especialmente urbanas, e que davam a medida da capacidade da fotografia em documentar eventos de natureza social ou individual, em instrumentalizar as áreas científicas, carentes de meios de acesso a fenômenos fora do alcance direto dos sentidos, as áreas administrativas, ávidas por otimizar funções organizativas e coercitivas, ou ainda em possibilitar a reprodução e divulgação maciça de qualquer tipologia de objetos. (leia mais em Fotografia e História: ensaio bibliográfico ) Neste sentido, a disponibilização de imagens fotográficas para o público leitor deste blog, é uma máxima que nós desejamos, pois a imagem revela muitos segredos.  Para ver mais fotografias: VISITE NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK Enchente em São Félix - cedido por Fabrício Gentil Navio da...

O Terreiro Ilê Axé Alabaxé,– “"A Casa que Põe e Dispõe de Tudo"

É com muito pesar que noticiamos o falecimento do Babalorixá Edinho de Oxóssi, será muito justo neste momento, republicarmos a história do Terreiro lIê Axé Alabaxé,– “"A Casa que Põe e Dispõe de Tudo", um local com que o nosso babalorixá tem suas intimidades reveladas. Sabendo que seria do agrado de muitos maragogipanos que desejam conhecer a nossa história, resolvi publicar esse texto e uma entrevista concedida pelo Babalorixá Edinho de Oxóssi encontrada no site ( http://alabaxe.xpg.uol.com.br/ ) Oxóssi O Terreiro lIê Axé Alabaxé,– “"A Casa que Põe e Dispõe de Tudo"   A cada ano, após a colheita, o rei de Ijexá saudava a abundancia de alimentos com uma festa, oferecendo à população inhame, milho e côco. O rei comemorava com sua família e seus súditos só as feiticeiras não eram convidadas. Furiosas com a desconsideração enviaram à festa um pássaro gigante que pousou no teto do palácio, encobrindo-o e impedindo que a cerimônia fosse realizada. O rei mandou chamar os...

A Pirâmide Invertida - historiografia africana feita por africanos (Carlos Lopes)

Neste momento, você terá a oportunidade de ler um pouco do fichamento do texto de Carlos Lopes "A Pirâmide Invertida - historiografia africana feita por africanos. Na introdução Carlos Lopes tenta traçar uma “ apresentação crítica dos argumentos avançados pelos três grandes momentos de interpretação histórica da África ” (LOPES; 1995). Para ele a historiografia deste continente tem sido “ dominada por uma interpretação simplista e reducionista ”, mas antes do autor começar a falar sobre estes momentos, ele demonstra um paralelo da historiografia africana com um momento “ em que os historiadores estão cada vez mais próximos do poder ”, e afirma que estes historiadores são todos de uma mesma escola historiográfica que proclama “ a necessidade de uma reivindicação identitária ”, citando como exemplos “ de uma interdependência entre a História e o domínio político ” “Inferioridade Africana” É através do paradigma de Hegel - o "fardo" do homem branco -, que o ocidente conhec...

Sátira das Profissões, um documento egípcio que valoriza o escriba

Este é um trabalho de Pesquisa do Documento "Sátira das Profissões" escrito egípcios que contém incômodos existentes em cada tipo de trabalho, assim como a valorização do Escriba enquanto profissional. A leitura deste documento demonstra que a atividade intelectual era valorizada no Egito Antigo, muito diferente das atividades braçais que são classificadas de maneira grosseira pelo escritor do documento. O tema é curioso. É a história de um pai Khéti que conduz o filho adolescente Pépi para a escola de escribas da Corte por ser, segundo ele, a mais importante das profissões e durante a viagem da barca resolve comparar vários ofícios. Figura retirada do jogo Faraó, feito pela Sierra e sob licença da VU Games. Quais são as profissões do texto? As profissões descritas no texto são Ferreiro, Marceneiro, Joalheiro, Barbeiro, Colhedor de Papiro ou de Junco (que na verdade ele colhe o junco para daí fazer o papiro), Oleiro, Pedreiro, Carpinteiro, Hortelão, Lavrador, Tecelão, Por...

Uma Breve História de Maragojipe, por Osvaldo Sá

Obs.: Este blog é adepto da grafia Maragogipe com o grafema G, mas neste texto, preservamos o uso da escrita de Maragojipe com o grafema J defendida pelo autor. Uma Breve História de Maragojipe Por Osvaldo Sá A origem do município de Maragojipe, como a de tantos outros municípios do Recôncavo Baiano, remonta ao período do Brasil Colonial, durante o ciclo da cana-de-açúcar. Conta a tradição popular que a origem do município deveu-se à existência de uma tribo indígena denominada “Marag-gyp”, que se estabeleceu em meados do século XVI às margens do Rio Paraguaçu. Destemidos e inteligentes, mas adversos à vida nômade, esses indígenas dedicavam-se ao cultivo do solo, à pesca e a caça de subsistência, manejando com maestria o arco e flecha e também o tarayra (espécie de machado pesado feito de pau-ferro), com o qual eram capazes de decepar de um só golpe a cabeça do inimigo. Osvaldo Sá, 1952 - Aos 44 ano Segundo a tradição da tribo, os mais velhos contavam que suas pri...